segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Empresário é morto a tiros em ponto de tráfico de drogas




Um homem de aproximadamente 50 anos foi morto a tiros na tarde deste domingo (15), em um beco na Rua Cabral, no Jardim São Vicente, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba.
A vítima portava um facão e havia ido ao beco com uma motocicleta. A região é conhecida por moradores como ponto para o tráfico de drogas.
O indivíduo era dono de uma oficina mecânica na Avenida Bom Jesus, também em Campo Largo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Tráfico de drogas no Rio

 

O tráfico de drogas no Rio está ligado diretamente às três maiores facções criminosas da cidade: Comando Vermelho, Terceiro Comando e Amigos dos Amigos.
Tudo indica que o tráfico começou mesmo no Rio nos anos 1980, quando alguns moradores de favelapassaram a vender cocaína. Como num passe de mágica, aqueles que eram pobres tornaram-se ricos e poderosos. A rotina do tráfico de drogas tornou-se comum ao longo dos anos. Mais e mais pessoas foram atraídas pelos benefícios associados a ele, como dinheiro, poder e reconhecimento. Hoje, a insegurança e o medo fazem com que as pessoas ligadas ao tráfico praticamente não saiam da favela. Elas sabem que o caminho do comércio ilegal de drogas geralmente leva à prisão ou à morte.
A vida no tráfico é um ciclo vicioso. A falta de oportunidade, somada à chance de ganhar dinheiro, resulta muitas vezes na entrada em uma facção criminosa. A atração começa já na infância, quando as crianças ficam seduzidas pelas motos, dinheiro e pelas namoradas dos traficantes.
Muitas crianças entram no mundo do tráfico sem nem mesmo notar. Envolvem-se com pessoas ligadas ao crime, levam recados dentro das favelas e acabam virando o que os traficantes chamam de “aviõezinhos”. É o primeiro posto na hierarquia do tráfico. Uma vez dentro do ciclo do tráfico, fica difícil sair. O tráfico de drogas gera uma dependência parecida com a do uso de drogas. O poder, o reconhecimento, as informações privilegiadas, a hierarquia, as regras e o medo da morte são características difíceis de deixar.
Muitas crianças crescem nesse meio até se tornarem adolescentes. Em qualquer classe social a adolescência é uma fase complicada. É uma época de construção de identidade, quando se começa a aprender quem se é. Para um adolescente de classe baixa, que vive em uma sociedade racista e elitista, tudo fica mais difícil. Ele se sente ignorado, invisível e muitas vezes rejeitado. O tráfico acaba preenchendo essa lacuna. Valoriza esses jovens, coloca-os num grupo onde são notados e respeitados. O adolescente se torna protagonista, produz reações nas pessoas, se torna alguém visível. Para muitos, a entrada no mundo do tráfico é uma tentativa desesperada de construir uma identidade.
Esses jovens convivem com a realidade do tráfico e aprendem as regras dentro deste sistema. Depois de “aviõezinhos”, crescem e assumem novas posições, viram “fogueteiros”. Ficam no alto da favela e disparam fogos quando avistam a polícia, são olheiros para o tráfico.
O próximo passo é trabalhar dentro da boca de fumo (lugar onde a droga é vendida) e virar ajudante do gerente. Assim, eles vivenciam o dia-a-dia do tráfico, ganham bastante dinheiro e começam a ser respeitados dentro do grupo. Quando o chefe da boca é morto, um desses meninos assume a venda das drogas e fica completamente envolvido no tráfico. Mas muitos não chegam a ser gerente de boca, pois antes disso morrem em confrontos com a polícia ou com facções rivais. Se eles conseguem escapar dos tiroteios, algumas vezes acabam mortos em disputas dentro da própria quadrilha.
A rede de hierarquia é muito respeitada dentro do tráfico. São regras feitas dentro da rotina, que não precisam ser escritas para serem obedecidas. O dono do ponto é o grande chefe e controla toda uma rede de “funcionários”, cada um com suas responsabilidades. Todos sabem que as regras precisam ser cumpridas, para não gerar conseqüências como expulsões ou execuções.
Na ausência de governo, a facção é o maior poder dentro das favelas. Cabe a ela não só resolver disputas e punir crimes, mas também providenciar as necessidades da vida cotidiana, como promover o baile funk e construir benfeitorias. A facção seduz a população para dentro do tráfico, oferece favores à comunidade. Os moradores acabam recorrendo aos traficantes para ajudar a solucionar problemas graves.
Hoje o dinheiro ganho no tráfico é menor do que antigamente. A insegurança das favelas, as guerras entre facções rivais e as propinas que precisam ser pagas a policiais corruptos diminuíram o lucro dos traficantes.
Um estudo feito pela Secretaria de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro em dezembro de 2008 estimou que o tráfico no Rio (maconha, cocaína e crack) fatura entre 316 e 633 milhões de reais por ano, mas lucra em torno de 130 milhões. Entre os altos custos dos traficantes, estão o de logística de fornecimento, de autoproteção e das perdas decorrentes das apreensões policiais. Estima-se que há gastos de entre 121 e 218 milhões de reais por ano com a reposição de armas e a compra de produtos.
Com o passar do tempo o tráfico também se tornou mais perigoso. As facções criminosas hoje possuem um grande armamento. Elas estão cada vez mais violentas, e a rivalidade entre elas vem ocasionando guerras constantes. A luta pelo poder e o domínio do território tem feito muitas vítimas em um cenário de horror que apavora os moradores.
A população da comunidade vive com medo da violência, das normas de poder impostas, das balas perdidas e dos tiroteios constantes. As regras do tráfico fazem com que os moradores mudem sua rotina. São regras essenciais para a sobrevivência nas comunidades comandadas por facções criminosas.